FGV Arte e IDP inauguram exposição sobre a arte do planalto no Museu Nacional de Brasília

Com apoio do Museu Nacional da República, a mostra aborda o surgimento de Brasília como uma obra de arte coletiva e reúne mais de 200 obras de 128 artistas

A exposição Brasília, a arte do planalto, com curadoria de Paulo Herkenhoff e cocuradoria de Sara Seilert, será inaugurada na quarta-feira, dia 25 de setembro, às 19h, no Museu da Nacional da República, em Brasília. Realizada pela FGV Arte, espaço experimental e de pesquisa artística da Fundação Getulio Vargas, em parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), a mostra fica aberta até o dia 24 de novembro. 

Sucedendo Brasília, a arte da democracia, exposição realizada no Rio de Janeiro de abril a agosto, a nova mostra retrata a história da cultura artística do planalto, sua diversidade e complexidade e seus desdobramentos contemporâneos. Enquanto a exibição carioca tratava da passagem da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília, junto da consolidação das estruturas republicanas, a que será exposta no Museu Nacional da República aborda a dimensão estética do surgimento de Brasília, entendida como uma obra de arte coletiva. Ao mesmo tempo, põe em destaque um elenco de agentes culturais da capital e das cidades-satélites.

“A conceituação dessa mostra perfaz um arco histórico, desde a criação da cidade até os atuais movimentos em defesa da democracia e da liberdade. Se Brasília é uma epopeia notável no plano internacional, sua história da cultura se desdobra, ao longo de seis décadas, em brasilienses e brasileiros de todos os recantos”, descreve Paulo Herkenhoff.

Expande também o olhar para o hoje e para a arte que é feita no Centro-oeste, mais especificamente nesta região do planalto central brasileiro onde há mais de sessenta anos foi instalada Brasília. Além disso, esse projeto é uma homenagem à escritora Vera Brant, uma das habitantes pioneiras na capital. Sua amizade com figuras centrais da história brasileira, como o antropólogo e fundador da UnB, Darcy Ribeiro, o presidente Juscelino Kubitscheck e o poeta Carlos Drummond de Andrade reforçam a centralidade e importância de Brant na construção das relações sociais da cidade capital. 

A ideia que direcionou Brasília, a arte do planalto foi a de reproduzir uma grande festa do olhar, mostrando que a capital federal, que não se reduz à sua esfera política, é intensa, ampla e surpreendente. “Essa mostra significa também um encontro entre dois olhares curatoriais. Porque agora nós unimos os olhares a Sara Seilert, que dirigia o Museu Nacional da República, e eu. Então nós buscamos produzir um olhar sobre Brasília. Assim, já não é mais apenas um olhar de fora”, afirma o curador. 

Exposição

De Vik Muniz | 8 de janeiro

Com uma quantidade impressionante de artistas, desde os já consagrados no mercado da arte até os contemporâneos, a mostra reúne mais de 200 itens.

A exibição conta com documentos históricos, como o diploma de candango – conferido aos operários que levantaram a nova cidade por Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil de 1955 a 1961, responsável pela construção de Brasília e a transferência do poder do Rio de Janeiro para o planalto central; o croqui do plano piloto assinado por Lúcio Costa; e o manuscrito de Oscar Niemeyer sobre o monumento JK.
 
Esse projeto representa, segundo os curadores, “a diversidade da arte contemporânea do Distrito Federal”, assim como o seu processo histórico e espontâneo. Ao visitar a mostra, o público é convidado a compreender a região geográfica em toda a sua potência criativa. 
 
Localizado na Esplanada dos Ministérios, o Museu Nacional da República, intencionalmente escolhido para acolher a exposição Brasília, a arte do planalto,foiprojetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurado em 2006. Sua edificação monumental tem formato semiesférico, com a cúpula medindo 25 metros de raio, tendo a base 35,55 metros de raio, e 26,25 metros de altura.

De Daiara Tukano| A queda do céu e a mãe de todas as lutasa-imagem-dos-povos-originários-artistas-indígenas-para-conhecer 

Artistas [ordem alfabética]:

Adriana Vignoli; Adriane Kariú; Adriano e Fernando Guimarães; Ailton Krenak; Alberto da Veiga Guignard; Alessandra França; Alfredo Ceschiatti; Alfredo Fontes; Alice Lara; Antonio Obá; Athos Bulcão; Bené Fonteles; Benjamin Silva; Bento Viana; Bernardo Figueiredo; Betty Bettiol; Bruno Faria; Bruno Giorgi; Caio Reisewitz; Camila Soato; Candida Höfer; Carppio de Morais; César Becker; Chico Amaral; Christus Nóbrega; Cildo Meireles; Clarice Gonçalves; Dadá do Barro; Daiara Tukano; Danyella Proença; Dirceu Maués; Edu Simões; Elder Rocha; Evandro Prado; Evandro Salles; Fernando Lindote; Francisco Galeno; Frans Krajcberg; Fred Lamego; Fulvio Roiter; Gabriela Biló; Gê Orthof; Glênio Bianchetti; Gregório Soares; Grupo Poro; Gu da Cei; Guy Veloso; Hal Wildson; Hassan Bourkia; Helô Sanvoy; Isabela Couto; Ismael Monticelli; João Angelini; João Trevisan; Joaquim Paiva; Jonathas de Andrade; Josafá Neves; José Ivacy; José Roberto Bassul; Juvenal Pereira; Kazuo Okubo; Kurt Klagsbrunn; Lêda Watson; Leo Tavares; Leonardo Finotti; Luciana Paiva; Lucio Costa; Luiz Alphonsus; Luiz Cancio; Luiz Mauro; Marcel Duchamp; Marcela Campos; Marcio Borsoi; Maria Bonomi; Maria do Barro; Maria Martins; Marianne Peretti; Mary Vieira; Miguel Rio Branco; Milan Dusek; Milton Guran; Milton Ribeiro; Nelson Maravalhas; Nicolas Behr; Orlando Brito; Oscar Niemeyer; Osvaldo Carvalho; Patrícia Bagniewski; Paulo Bruscky; Paulo Roberto Santos; Paulo Werneck; Pedro Motta; Quinca Moreira; Rafael Prado; Raissa Studart; Ralph Gehre; Regina Pessoa; Reynaldo Candia; Ricardo Stuckert; Roberto Burle Marx; Roberto Polidori; Rochelle Costi; Romulo Andrade; Rosângela Rennó; Rubem Valentim; Sebastião Reis; Sergio Adriano H; Sergio Augusto Porto; Sergio Rodrigues; Sérgio Veja; Severina Gonçalves; Shevan Lopes; Siron Franco; Talles Lopes; Todd Eberle; Tomas Kellner; TT Catalão; Usha Velasco; Vik Muniz; Vitor Schietti; Wagner Barja; Wagner Hermuche; Walter Sanches; Wilson Piran; Xadalu Tupã Jekupé; Xico Chaves; Zanine Caldas; e Zuleika de Souza.

O curador também analisa a capital federal como um lugar feminino, que parte da inspiração de Vera Brant a grandes nomes que participaram de sua criação e história. “Eu acho que tem esse olhar sobre a arte produzida por mulheres, sobretudo as esculturas que eu estou reunindo, e a voz crítica de mulheres”, ressalta Herkenhoff.

Brasília, a arte do planalto traz referência às mulheres indígenas, com suas técnicas tradicionais de cerâmica, porque cabia às mulheres fazer cerâmica nas sociedades indígenas do Centro-Oeste. Mas também aborda uma belíssima coleção de Maria Martins, pois Brasília foi a cidade que melhor colocou a escultora e desenhista no imaginário e na cena brasileira.

Inspiração e homenagem:

De Christus Nóbrega | Vera Brant, imagem gerada por IA

Vera Brant (1927-2014) era mineira de Diamantina. Mudou-se para Brasília em 1960 e nunca mais saiu de lá. Era confidente de JK, amiga de políticos, diplomatas e artistas. Ajudou Darcy Ribeiro a fundar a Universidade de Brasília, trocava cartas com Carlos Drummond de Andrade, reunidas em um dos seus vários livros publicados. Perdeu seu cargo público durante a ditadura militar de 1964 e se tornou empresária do mercado imobiliário.

“Ela foi o primeiro e generoso periscópio para enxergar Brasília como uma rede extratemporal e extraterritorial”, conta Herkenhoff. Vera teceu Brasília, unindo JK, Niemeyer, Athos Bulcão, Darcy Ribeiro, Wladimir Murtinho, UnB, Gilmar Mendes, Zanine Caldas, Rubem Valentim e Galeno. 
 

A mobilidade de Vera Brant por campos de ação tão variados guiou o grupo curatorial a perceber que Brasília, além do campo predominantemente masculino do poder, é uma cidade feminina. A exposição inclui o grupo de mulheres escultoras de Brasília – Maria Martins, Mary Vieira, Marianne Peretti, as ceramistas Karajá, até o núcleo de artesãs e escultoras de Planaltina.
 

Em cartaz até novembro de 2024, Brasília, a arte do planalto está aberta ao público de terça-feira a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca.

FGV Arte

Localizada na sede da FGV, em Botafogo, no Rio de Janeiro, a FGV Arte é um espaço voltado à valorização, à experimentação artística e aos debates contemporâneos em torno da arte e da cultura, buscando incentivar o diálogo com setores criativos e heterogêneos da sociedade.

IDP

O Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) é um centro de excelência no ensino, pesquisa e extensão com sedes em Brasília e São Paulo. Criado há mais de vinte anos, é uma das instituições de ensino superior mais respeitadas do Brasil, contribuindo diretamente para as transformações sociais, políticas e econômicas do nosso país. 

Museu Nacional da República – Brasília

O Museu Nacional da República é um equipamento cultural sob gestão da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, sem fins lucrativos, a serviço da comunidade e do seu desenvolvimento. O Museu tem como missão promover as artes visuais para todos os públicos, de forma dialógica, e ser um espaço de incentivo a curiosidade, sensibilização do olhar e produção de conhecimento, por meio de ações de formação do acervo, salvaguarda, pesquisa, comunicação e educação.