Com frota renovada, subsídios e foco em sustentabilidade, o transporte coletivo do DF já superou a demanda pré-pandemia e se destaca como referência nacional em políticas públicas para a mobilidade
Brasília tem dado passos concretos em direção a uma mobilidade urbana mais sustentável e equilibrada — em plena sintonia com as prioridades defendidas pela nova gestão da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Segundo a entidade, a política de valorização do transporte coletivo adotada na capital federal, com a modernização da frota e a estruturação de um modelo sólido de financiamento público, tornou Brasília a primeira cidade a se recuperar dos impactos da pandemia no transporte público: a demanda atual de passageiros atingiu 108% do número de viagens realizadas antes da Covid-19, de acordo com dados da NTU.
Segundo estudo do Instituto Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte (MDT), a capital federal possui hoje a frota de ônibus mais nova entre 12 capitais analisadas, com idade média de apenas 2,16 anos. A marca reflete as ações locais para a qualificação do serviço prestado à população. O sistema transporta mais de 1,1 milhão de passageiros por dia e mantém, desde janeiro de 2020, as tarifas públicas cobradas da população congeladas nos valores de R$ 2,70, R$ 3,80 e R$ 5,50, conforme o tipo de linha.
Esse equilíbrio tarifário foi possível a partir do investimento de R$ 914 milhões feito pelo Governo do Distrito Federal para subsídios ao sistema de transporte público em 2024, o equivalente a 74,58% de todo o custo da operação – patamar equivalente ao praticado em países desenvolvidos, com alta qualidade de vida. O modelo, baseado na separação da tarifa pública da tarifa técnica (que custeia a prestação dos serviços) e no subsídio público aos passageiros, está alinhado com a proposta da NTU de ampliar essa política pública de modo permanente para todo o país, garantindo o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos e a continuidade dos serviços com qualidade.
Esse e outros temas foram abordados no evento de apresentação da nova direção da NTU, que aconteceu no Unique Palace, na última terça-feira, dia 27. Estiveram presentes na cerimônia o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, o presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Hugo Motta (Republicanos/PB), o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, empresários do setor, autoridades do Executivo, Legislativo e especialistas em mobilidade urbana.
Nova gestão
Além do financiamento, a nova gestão da NTU também defende a transição modal como caminho para um modelo urbano mais sustentável, com redução da dependência de motos e automóveis particulares e ampliação da participação do transporte coletivo. Essa é justamente a base da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) e do Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do DF (PDTU/DF), que orientam as ações locais. “Nós temos a melhor frota atendendo à população e vamos modernizar ainda mais. Há muito a avançar na questão do transporte público, e Brasília está hoje na vanguarda desse movimento. Esperamos que isso continue”, afirmou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
A NTU também aponta que o futuro da mobilidade exige mais infraestrutura dedicada ao transporte coletivo. Nesse sentido, Brasília tem avançado com faixas exclusivas e medidas que melhoram a fluidez dos ônibus nos corredores urbanos — uma diretriz prioritária da nova gestão, que propõe tratamento preferencial ao transporte coletivo em todas as vias arteriais dos municípios brasileiros.
“O transporte público não é uma responsabilidade de um, é um compromisso de todos. Promovê-lo é promover o direito à cidade. Defendê-lo é defender o equilíbrio urbano, a inclusão social e a sustentabilidade”, destacou Edmundo Pinheiro em seu discurso no evento.
Com metas claras, como recuperar a demanda de passageiros do período pré-pandemia, incentivar a ampliação da frota e manter contratos equilibrados, com subsídios bem definidos, a NTU pretende inspirar iniciativas semelhantes em todo o país, tendo o Distrito Federal como referência de políticas de mobilidade urbana exitosas.
O encontro marcou o início de um novo ciclo voltado ao fortalecimento do transporte público como política de Estado e instrumento essencial para a sustentabilidade das cidades. O evento inaugurou uma nova fase de protagonismo institucional da NTU, baseada em metas, indicadores e propostas consistentes para um futuro urbano mais equilibrado.
Para a entidade, mobilidade urbana é uma construção coletiva, que só será possível com envolvimento dos gestores públicos, do setor privado e da sociedade civil. “Queremos cidades feitas para pessoas, não para carros. Isso exige planejamento, financiamento, infraestrutura e um compromisso conjunto com o futuro das cidades”, explicou o novo presidente do Conselho Diretor da entidade, Edmundo Pinheiro.