Crime teria ocorrido em setembro de 2024 durante viagem de trabalho; funcionário foi denunciado pelo MP e virou réu por estupro. Hotel afirma não compactuar com “qualquer conduta imprópria”
Uma advogada dos Estados Unidos denunciou ter sido estuprada por um funcionário do hotel Blue Tree, em São Paulo, durante uma viagem de trabalho realizada em 27 de setembro de 2024. O caso ocorreu na unidade Paulista, localizada na Rua Peixoto Gomide, e ganhou destaque após ser revelado pela Folha de S.Paulo.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou denúncia contra o suspeito em abril deste ano, e ele se tornou réu pelo crime de estupro. O Tribunal de Justiça marcou audiência para janeiro de 2026, na 11ª Vara Criminal da Barra Funda.
Relato da vítima
A vítima — identificada apenas como Sophie* para preservar sua identidade — relatou que, ao tentar pedir jantar no quarto, desceu até a recepção por dificuldade de comunicação em inglês. Um funcionário do bar, de 19 anos, se ofereceu para levar o vinho até o quarto. Segundo ela, o homem a atacou assim que entrou no cômodo:
“O funcionário do hotel me abraçou e me beijou enquanto eu segurava a taça de vinho. Ele se tornou muito agressivo comigo e eu lhe disse ‘não’ enquanto lutávamos.”
Sophie contou que o agressor a empurrou para a cama, levantou sua saia e a estuprou, deixando hematomas visíveis nos braços. Imagens das câmeras de segurança confirmam que o funcionário entrou no quarto e permaneceu ali por nove minutos, saindo em seguida ajeitando as roupas.
Após o crime, ela enviou mensagem a um colega de trabalho, que foi ao hotel e chamou a polícia. Sophie afirmou que a equipe do hotel se recusou a prestar ajuda, dizendo “não poder chamar a polícia”.
De volta aos Estados Unidos, a advogada ficou afastada do trabalho por cinco semanas e foi internada 26 dias em uma clínica psiquiátrica. Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), houve presença de espermatozoides e lesões corporais leves.
Posicionamento da defesa
A defesa do réu alega que o ato foi consensual, sustentando que há “contradições nos depoimentos” e que as provas não configuram crime.
“O acusado reafirma sua inocência e está colaborando com as autoridades, cumprindo todas as determinações judiciais”, diz nota do Escritório Vieira Constantino Advogados.
Nota do hotel Blue Tree
Em nota oficial, a rede Blue Tree Hotels afirmou que não compactua com condutas impróprias e que o funcionário foi desligado logo após a ocorrência.
“A rede hoteleira sempre tem como prioridade o bem-estar e a segurança de seus hóspedes e não compactua nem compactuará com qualquer conduta imprópria. Está à disposição das autoridades e colabora integralmente com a investigação”, informou a empresa.
Processo segue em segredo de justiça
O caso tramita sob segredo de justiça. A advogada da vítima, Maria Tereza Novaes, reforça que Sophie ainda realiza tratamento psicológico e psiquiátrico e luta para reconstruir sua rotina após o trauma.
“Ela veio ao Brasil a trabalho e terminou sendo vítima de uma violência brutal. Busca agora justiça e segurança para que outras mulheres não passem pelo mesmo”, declarou.