Evento premia negócios que promovem economia sustentável e inclusiva

Prêmio nacional Impactos Positivos será lançado em 4 de maio para valorizar empresas que contribuem para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) no país

Imagine uma empresa com uma solução para dissolver o microplástico da água usando biotecnologia, outra que trabalhe para proporcionar moradia digna a milhares de pessoas em comunidades de baixa renda, ou uma outra ainda que produza defensivos agrícolas biodegradáveis, minorando problemas de poluição e saúde pública decorrentes destas substâncias. Estes startups, denominados respectivamente Break Plastic, Moradigna e NanoScoping são exemplos de negócios de impacto em operação no Brasil, uma classe de empreendimentos que pretende fomentar uma economia inclusiva e sustentável, na qual promover impacto social ou ambiental positivo é tão ou mais importante do que obter retorno financeiro.

Com lançamento previsto para o próximo dia 04 de maio, o Prêmio Impactos Positivos colocará os holofotes sobre este universo de empresas. Conhecido como o “Oscar do Bem”, o Prêmio pretende ser uma vitrine de negócios e organizações que estão participando do fomento ao empreendedorismo de impacto e seu ecossistema – em plena expansão no Brasil – composto por empreendedores, investidores, aceleradoras e incubadoras, organizações da sociedade civil, iniciativa privada e poder público.

“Compreendemos a urgente necessidade de repensar valores, princípios e de gerar ações práticas para modificar as pautas que conduziram a um mundo ameaçado pelas mudanças climáticas, pela perda de biodiversidade, contaminação e o consequente deterioro da qualidade de vida em comunidades urbanas e rurais. É parte de nossa missão trabalhar pela inclusão de milhões de pessoas no processo de geração de uma nova economia e promover um modelo de desenvolvimento mais equitativo”, destaca Lucas Ramalho, coordenador da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto, articulação que fomenta o ecossistema de impacto no Brasil e que apoia institucionalmente o Prêmio.

O Prêmio Impactos Positivos reconhece desde 2020 empresas e organizações que desenvolvem projetos, iniciativas e negócios inovadores que promovem soluções para problemas da sociedade. As inscrições para empreendedores e agentes do ecossistema de impacto serão abertas no próximo dia 13 de maio na plataforma www.impactospositivos.com, nas categorias negócios de impacto (empresas) e ecossistema de impacto (organizações, setor público, comunidades e outros stakeholders). A fase de votação por parte do público e da sociedade brasileira terá início em 5 de setembro. Os vencedores em cada categoria e todos os homenageados serão conhecidos na cerimônia de premiação, que acontecerá no dia 24 de novembro, em São Paulo. “Quando criamos a plataforma Impactos Positivos em 2020, em pleno auge da pandemia, nosso principal objetivo era dar visibilidade às iniciativas que estavam impactando positivamente o nosso Brasil”, conta Gisele Abrahão, idealizadora da iniciativa.

Expansão do movimento no Brasil

O movimento de impacto é formado por empresas tão distintas em seus objetivos quanto origem, gestadas tanto em comunidades de periferia quanto nos parques tecnológicos das universidades, O último mapeamento feito pela Pipe Social aponta a existência de 1.272 empreendimentos deste tipo no país, embora o número possa ser muito maior, já que existem também empreendimentos protagonizados por ONGs, cooperativas e startups de inovação que se confundem com a área de impacto. Somente na área de inovação são 22 mil startups em operação espalhadas em 78 comunidades de empreendedores, muitas delas trabalhando para promover soluções com conhecimento de ponta a problemas ambientais e sociais.

Este tipo especial de empresas, em que o sucesso não é medido somente pelo lucro gerado em um determinado período, mas também pelo impacto positivo criado para as pessoas ou para o meio ambiente – foram instituídas a partir do movimento liderado pelo economista, ganhador do prêmio Nobel da Paz e pioneiro no tema empreendedorismo social, Mohammad Yunus, entre os anos 70 e 80. Ele é fundador do Grameen Bank e de outras 50 empresas em Bangladesh, a maior parte delas como negócios sociais, a partir da concessão de pequenos empréstimos para os pobres sem as garantias e exigências tradicionais dos bancos comerciais. O movimento se espalhou por quase todos os países do mundo, incluindo Inglaterra, EUA, Canadá e vem se enraizando mais recentemente na Índia, Coreia do Sul e Tailândia, expandindo globalmente os conceitos de empreendedorismo social.

No Brasil, o movimento iniciou em 2014, liderado pela Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais (FTFS) a partir da mobilização de organizações da sociedade civil, com a missão de mapear, conectar e apoiar atores e agendas estratégicas para destravar fontes de investimento, apoiar empreendedores de negócios de Impacto e fortalecer organizações intermediárias do ecossistema. O movimento culminou com a criação da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto), em dezembro de 2017, articulação de 26 instituições que fomentam este novo ecossistema de negócios no Brasil. A Enimpacto visa promover um ambiente favorável, reunindo diferentes órgãos de governo e da sociedade: entidades empresariais, fundacionais, organizações não governamentais, comunidade científica e tecnológica. “É fundamental que haja uma convergência de atuação e otimização dos esforços dos atores que formam esse ecossistema nacional com um olhar sistêmico e integrado pela atuação da Enimpacto. Pois para um negócio inovador surgir é necessário que a empresa conte com uma séria de fatores para que esse empreendimento possa ter sucesso e gerar impacto positivo na sociedade, tais como uma equipe qualificada (universidades), conhecimento (incubadoras, aceleradoras e mentores), recursos (investidores e órgãos de fomentos) visibilidade (imprensa), segurança jurídica (governo), dentre outros”, destaca Philipe Figueiredo, coordenador de Startups e Ecossistema de Inovação do Sebrae Nacional

Desenvolvendo uma estratégia de Impacto para o Brasil:

O Sistema Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto

O Prêmio é apenas uma das iniciativas de âmbito nacional apoiadas ou protagonizadas pela Enimpacto para fomentar este tipo de negócios no país. A Estratégia está atualmente construindo em um processo coletivo e participativo, a governança do Sistema Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Simpacto) – com lançamento previsto para junho – envolvendo Estados, municípios, universidades, iniciativa privada, o governo federal e organizações da sociedade civil em uma ampla rede de fomento a uma nova economia, mais regenerativa, inclusiva e sustentável. O propósito do Simpacto é conectar o ecossistema e fomentar a oferta de capital para a mobilização de recursos públicos e privados destinados ao investimento e ao financiamento desses negócios. Também visa disseminar a cultura de avaliação de impacto socioambiental e estimular envolvimento desses empreendimentos em contratações públicas e com as cadeias de valor de empresas privadas.

O Simpacto reunirá o governo federal, os estados e os municípios que desenvolvem políticas subnacionais de impacto. Atualmente, oito estados já fazem parte do Sistema, com legislações próprias para o fomento ao ecossistema e negócios. Será constituído de forma paulatina por meio da realização das Conferências Estaduais de Investimentos e Negócios de Impacto, que promoverão a inclusão dos demais estados da federação a partir de agosto de 2022, em um processo

contínuo de integração que culminará na realização da Conferência Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto, em 2023. A meta é conectar os atores do ecossistema de impacto à Agenda 2030 da ONU, ao mesmo tempo em que se articula o setor público em nível federal, estadual e municipal, com objetivo futuro de fomentar compras públicas para direcionar um projeto de desenvolvimento sustentável e inclusivo para o Brasil.

“A proposta de criação do SIMPACTO surge em um período em que convergem duas tendências que marcarão as próximas décadas, no Brasil e no mundo. Por um lado, a crescente percepção de que negócios e investimentos precisam ser reconfigurados, rumo a uma economia

próspera e geradora de impactos positivos para a sociedade e o meio ambiente. Por outro, a pandemia que agravou as históricas fragilidades da sociedade brasileira, trazendo a necessidade urgente de implementação de medidas capazes de revitalizar a economia e, simultaneamente, combater as carências, reduzir as desigualdades e criar oportunidades de renda, qualidade de vida e real desenvolvimento parao país e sua população”, destaca Lucas Ramalho.

A multiplicação de empreendimentos com ou sem fins de lucros, capazes de operar de maneira financeiramente sustentável e ao mesmo tempo responder aos desafios impostos pelos problemas socioambientais é uma agenda ampla, que demanda a articulação de diferentes atores e envolve grandes desafios. “O objetivo desta Estratégia é fomentar um ambiente favorável ao desenvolvimento de Investimentos e Negócios de Impacto no Brasil, de forma a promover desenvolvimento econômico, resolução de complexos problemas socioambientais e oferta de melhores serviços públicos para a população”, reitera o coordenador da Enimpacto.

Investimentos crescentes para fomentar uma nova economia

Mundialmente, os negócios de impacto mobilizam recursos da ordem de US$ 715 bilhões segundo estimativa do Global Impact Investing Network (GIIN) organização sem fins lucrativos que visa impulsionar o setor em nível global. No fechamento de 2020, em plena pandemia, havia no Brasil R$ 11,5 bilhões em ativos sob gestão investidos em empresas de impacto o equivalente a 2,21 bilhões de dólares, segundo estima a mais recente pesquisa divulgada pela Aspen Networks Development Entrepreneurs (Ande). Esse montante representa apenas 0,3% do total mundial, mas vem crescendo 39% ao ano, desde 2018, e a expectativa é de um aumento significativo nos recursos captados em 2021.

“Já há diversos negócios maduros no país com foco em energias renováveis, água e resíduos sólidos etc. Muitos deles já são listados em bolsa e recebem investimentos de diversas fontes. Alguns têm o potencial de serem considerados negócios de impacto e já há uma discussão a respeito disso dentro do ecossistema local. Uma mudança na visão em relação a isso teria impacto significativo nos dados Brasil, uma vez que esses setores movimentam bilhões de reais em investimentos”, destaca Beto Scretas membro da diretoria executiva da Aliança pelos investimentos e negócios de impacto e co-líder do Eixo 1 da Enimpacto.

No geral, entre os ODSs mais adotados pelos investidores estão: ODS 10, redução das desigualdades (52%); ODS 3, saúde e bem-estar (48%); e ODS 13, ação contra a mudança global do clima (45%). No outro extremo, está o ODS 16, paz, justiça e instituições eficazes, com 0% de interesse para investimentos. No comparativo Brasil e exterior, é possível ver um maior alinhamento dos investidores com sede local com as temáticas de saúde (6 em cada 10), educação (5 em cada 10) e redução das desigualdades (5 em cada 10). Já os estrangeiros olham mais para

a erradicação da pobreza (7 dos 10), fome zero e agricultura sustentável (6 dos 10) e ação contra a mudança global do clima (6 dos 10).

O investimento em negócios de impacto é estratégico para a reativação econômica pós-pandemia e desafia a visão antiga de que questões sociais e ambientais devem ser endereçadas apenas por doações filantrópicas e que investimentos de mercado deveriam focar exclusivamente em atingir retorno financeiro. O objetivo final de todo este movimento é promover uma economia mais sustentável e inclusiva para o país, contribuindo para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e Agenda 2030, da ONU, ainda distante de ser cumprida no Brasil. Com um projeto de longo prazo instituído até 2027, com 72 ações distribuídas em 04 eixos de atuação, a Enimpacto promete apoiar um movimento crescente já em ebulição nas startups que se multiplicam Brasil afora,

O que são Negócios de Impacto

Os negócios de impacto possuem particularidades importantes que os diferem de um “negócio comum”. Este tipo de negócio nasce do desejo de protagonizar soluções para os grandes desafios sociais e ambientais – e também do desejo de oferecer essas soluções de uma forma escalável financeiramente sustentável, por meio da oferta de produtos e serviços, sem depender de doações.

O negócio de impacto expressa de maneira clara a sua intencionalidade (missão/propósito) de resolver, ao menos em parte, um problema social e/ou ambiental. Uma prática comum é alicerçar sua tese de impacto em um dos 17 ODS definidos pela ONU (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030).

A geração de impacto socioambiental e a sustentabilidade financeira devem estar presentes na atividade principal da organização. Ou seja, a atividade principal, que gera receita, deve ser a mesma que gera impacto. Não é uma ação pontual de responsabilidade social e/ou ambiental. Negócios de Impacto são empreendimentos que promovem resultados sociais e ambientais positivos e que conseguem mensurar este impacto. Cooperativas e ONGs também podem ser negócios de impacto, desde que tenham resultado financeiro positivo.

Mais detalhes sobre a plataforma e o Prêmio Impactos Positivos estão disponíveis em: impactospositivos.com. São apoiadores do prêmio as organizações Assis e Mendes, Capitalismo Consciente, Cuidadoria, Gonew.co, Humanizadas e Instituto da Transformação Digital.

Personalidades presentes no evento

  • Lucas Ramalho (Coordenador da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto) – Ministério da Economia;
  • Cristiano Prado (Líder de Projetos Econômicos e Sociais. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD);
  • Philipe Figueiredo (Coordenador de Startups e Ecossistema de Inovação – Sebrae Nacional);
  • Danilo Ferreira dos Santos (Subsecretaria de Fomento ao Empreendedorismo. Secretaria do Desenvolvimento Econômico do DF)
  • Claudia Girotti (Assessora de Gestão e Planejamento da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade – Ministério da Economia);
  • Daniela Garcia (CEO Capitalismo Consciente);
  • Deise Nicoleto (CEO Impact Hub Brasília);
  • Gisele Abrahão (CEO Prêmio Impactos Positivos);
  • CEO Negócio de Impacto Verde Novo, responsável pelo reflorestamento do cerrado com sementes nativas;
  • CEO Negócio de Impacto 4 Hábitos, sediada no Distrito Federal, responsável por programas de Reciclagem em nível nacional.

SERVIÇO

Lançamento da 3º edição do Prêmio Impactos Positivos

Pauta: Importância dos Negócios de Impacto para o Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo do Brasil

Data: 4 de maio de 2022, quarta-feira.

Horário: 10h30.

Local: Impact Hub Brasília – SGAN 601, Lote H, Edifício Íon, Ala Amarela, Asa Norte, Brasília

Coletiva de imprensa pelo site: https://impactospositivos.com/eventos/

Fonte e Foto: Ministério da Economia

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