Por que estamos cansados?

A constante sensação de fadiga pode estar ligada a doenças não diagnosticadas, como diabete, síndrome pós-covid ou mesmo razões psicológicas; veja como recuperar sua disposição

Você não sabe o motivo, mas percebe que está sempre cansado. Por mais que se esforce, você não rende o quanto você gostaria, seja na vida profissional, nos estudos ou na vida pessoal – e esse incômodo se estende ao longo dos dias, das semanas. Não há sono, descanso ou lazer que o livre desse estado, que faz do sofá ou da cama o seu lugar preferido. Quando o cansaço é prolongado e não se resolve com o repouso, você tem fadiga crônica, um sinal de alerta para a saúde, que não deve ser negligenciado, nem contornado com uso indiscriminado de vitaminas e suplementos nutricionais.

Essa sensação permanente de “falta de energia” pode ser causada por baixa qualidade de vida – como sedentarismo, sono de má qualidade e alimentação inadequada – ou por diversos problemas de saúde física ou mental como síndrome pós-covid, anemia, diabetes, disfunções hormonais, doenças cardíacas, câncer e depressão.

“Se o cansaço persiste por vários dias e não vai embora depois de algumas boas horas de sono, isso não pode ser visto como algo normal. É preciso procurar um médico”, recomenda o cardiologista Fernando Bacal, coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital Albert Einstein. Ele afirma que a queixa de “cansaço” é muito frequente no seu consultório e, por ser genérica, exige uma investigação cuidadosa com exames clínicos.

Anemia, diabetes descontrolada e apneia de sono são causas comuns da fadiga crônica, segundo Bacal. Na sua especialidade médica, o cardiologista aponta a insuficiência cardíaca como uma das principais causas da fadiga, que geralmente vem acompanhada de outros sintomas, como falta de ar e inchaços no corpo. A doença é caracterizada pela incapacidade do coração em bombear sangue de maneira adequada e suficiente para suprir as necessidades de oxigênio e nutrientes dos tecidos e órgãos do corpo. “É um problema comum, que acomete 2% da população brasileira, em todas as faixas etárias”, diz.

Com incidência ainda maior na população, a diabete atinge 10% dos brasileiros, e também apresenta a fadiga como um dos seus sintomas. Quem tem essa doença crônica não produz insulina ou seu corpo não consegue usar adequadamente a insulina que produz – e para a glicose chegar às células e fornecer energia, a insulina tem um papel fundamental. “Imagine a pessoa com diabetes como alguém que tem comida na dispensa, mas ela está trancada e a pessoa não consegue usar, por isso fica com menos energia”, ilustra o endocrinologista Marcio Mancini.

Ele reforça a importância de procurar um médico quando o cansaço é permanente. “Muitas vezes, esse sintoma aparece antes dos sintomas específicos de uma doença”, diz. Na endocrinologia, a fadiga crônica pode sinalizar não só a diabetes, mas também problemas na tireoide. O hipotireoidismo, por exemplo, é uma doença em que a tireoide não produz hormônios importantes para o metabolismo. “Com o exame de sangue é possível confirmar esse diagnóstico, repor os hormônios e resolver o problema”, diz.

Chefe do grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Mancini afirma que o sobrepeso e a obesidade podem levar à fadiga crônica, por ter um impacto geral no organismo. “O excesso de peso pode prejudicar o sono e levar à fadiga”, exemplifica. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 60% dos brasileiros estavam com excesso de peso em 2019.

Fatores psicológicos

Muitas vezes, a fadiga tem causas psicológicas e emocionais, especialmente no contexto desafiador em que vivemos. Os relatos de cansaço, fadiga e exaustão têm sido frequentes, Clínica de Stress e Feedback, afirma a sua diretora, a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association (ISMA-BR). E, como corpo e mente estão conectados, a pessoa que está com dificuldade de lidar com as emoções pode desenvolver problemas de saúde como fibromialgia, depressão e bruxismo, explica ela.

“Depois de dois anos de restrições da pandemia, temos um cenário desmotivador de desemprego, inflação, guerra. Algumas pessoas encaram as dificuldades como um desafio, mas outras fazem muito esforço para lidar com isso e não conseguem manter o mesmo nível de energia.”

Para evitar a fadiga, a psicóloga Ana Maria recomenda que, antes de mais nada, a pessoa ouça os seus pensamentos. “É preciso primeiro identificar o que tem levado a essa desesperança ou falta de perspectiva”, diz. Respeitar os próprios limites e lançar mão de técnicas e estratégias para lidar com pressões, demandas e emoções negativas também é necessário. “Busque dar risada, reservar um momento para o lazer, se expor a luz do sol”, exemplifica.

A dica número 1 da psicóloga para regular as emoções é praticar a respiração profunda. “Respire como um bebê, contraindo e retraindo o abdômen, isso fará diferença.” E, quando as emoções estiverem interferindo demais no cotidiano e a fadiga não passar, Ana Maria recomenda procurar um clínico geral, que irá direcionar o seu paciente para um psicólogo, psiquiatra ou outro médico especialista, conforme a necessidade.

O brasileiro está dormindo mal

Como reflexo das tensões da pandemia e seus desdobramentos econômicos e sociais, a população está com problemas no sono, esse processo essencial para restaurar o corpo diariamente. Na pesquisa feita pelo Instituto do Sono em 2020 em 24 estados brasileiros, 70% dos participantes disseram que tiveram mais dificuldade para dormir durante a pandemia.

“Atualmente, o medo tem tirado o sono dos brasileiros. Diversos tipos de medo, como de perder o emprego, da morte de um familiar, de pegar covid-19”, diz a biomédica Monica Levy Andersen, diretora do Instituto do Sono. Ela explica que essa situação de estresse – assim como a iluminação das telas – aumenta os níveis de cortisol, hormônio que em excesso não só atrapalha o sono como envelhece o corpo, prejudicando a sua vitalidade, o que traz fadiga.

Quem tem uma noite de sono restauradora acorda sem despertador e com boa disposição, afirma a biomédica Monica. Para conseguir isso, é preciso estabelecer uma rotina. “Mantenha um horário fixo para dormir e acordar. Essa é a principal recomendação.” Se mesmo assim o repouso não for suficiente, talvez seja o caso de procurar um especialista em sono, já que existem problemas que prejudicam a qualidade do sono como a apneia obstrutiva de sono, distúrbio em que há interrupção temporária da respiração durante o sono – e muitas vezes não é percebida pela pessoa.

Sintoma da covid longa

A fadiga também pode estar ligada à síndrome pós-covid, a chamada “covid longa”. Em um estudo realizado em um hospital de Wuhan, na China, publicado em 2021 na revista científica The Lancet, a fadiga foi o sintoma mais relatado entre os pacientes que se curaram da covid-19, citado por 67% deles. O nível de cansaço dos pacientes com covid longa varia muito, afirma a fisiatra Christina May Moran de Brito, coordenadora médica do serviço de reabilitação do Hospital Sírio-Libanês.

“Esse cansaço pós-covid pode pode ser leve e prejudicar um pouco as tarefas cotidianas ou chegar ao nível de exaustão”, explica. Segundo ela, mesmo quem teve um quadro leve ou moderado de covid-19 pode apresentar essa fadiga após a cura do vírus, que pode deixar sequelas cardíacas, pulmonares, neuropsiquiátrica, entre outras.

Apesar da alta incidência de covid longa, a fisiatra alerta que é importante descartar outros problemas de saúde do paciente quando há queixa de fadiga. “Tanto pode ser uma doença como anemia como pode ser um indicativo de câncer, que geralmente vem acompanhado de outros sintomas, como o emagrecimento”, afirma Christina.

A importância dos exercícios

Pode parecer um contrassenso, mas o tratamento para a fadiga crônica – inclusive a fadiga da covid longa e a fadiga relacionada ao câncer – é a prática de exercícios físicos. “Muitas pessoas que estão com fadiga crônica relutam em fazer exercícios físicos, com medo de ficarem ainda mais cansadas. Mas, numa dose adequada, a atividade física melhora a sensação de fadiga”, diz o educador físico Bruno Gualano, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “O exercício físico promove o condicionamento dos músculos, aumenta a capacidade cardiorespiratória, melhora a função cerebral, além de ajudar a dormir melhor.”

Praticar musculação mudou a disposição da biomédica Vanessa Regina Torrezan, de 38 anos. No início do ano, ela estava sedentária e exausta. “Para manter o ritmo no trabalho, tomava café o dia todo. Depois, deitava na cama e não levantava para nada. No fim de semana, apenas dormia. Quando tinha que subir uma ladeira na rua, ficava ofegante”, diz.

Por orientação médica, ela resolveu praticar uma atividade física. Só engrenou em fevereiro, quando encontrou uma academia que a acolheu bem. “Hoje me sinto apaixonada pelos meus treinos, pois sei que isso me traz mais foco no trabalho e disposição para o dia a dia”, diz Vanessa, que se exercita de segunda a sábado.

Vida longa às mitocôndrias

Enquanto Vanessa se empenha na academia, ela também está “malhando” as suas mitocôndrias, aquelas pequenas organelas que funcionam como usinas de energia das nossas células. O aumento da demanda de energia durante o exercício físico faz com que as mitocôndrias do nosso corpo fiquem mais “flexíveis” e “dispostas” em gerar energia, inclusive na terceira idade, quando elas tendem a diminuir a sua eficiência, explica Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). “Uma corrida no fim de tarde é suficiente para multiplicar suas mitocôndrias no músculo. Mas não se iluda, esse processo será desfeito caso não pratique exercícios regularmente.”

Com formação na área esportiva, Ferreira sabe como é difícil fazer com que as pessoas pratiquem exercícios físicos. “Meus alunos sempre brincam que precisamos inventar a pílula do exercício. Duvido que um dia tenhamos tal pílula! Por isso sempre digo, o exercício ainda é o melhor caminho para salvarmos nossas mitocôndrias”, diz.

No Laboratório de Integração de Sistemas Biológicos, coordenado pelo professor Ferreira, os estudantes pesquisam como as mitocôndrias se ajustam em situações de saúde e doença. “Tentamos desenvolver moléculas sintéticas capazes de tornar as mitocôndrias mais saudáveis e eficientes”.

Ferreira lembra que existem moléculas capazes de atrapalhar o funcionamento da mitocôndria, como as presentes em diversos agrotóxicos. Mas ainda não há nenhuma molécula que atue com eficiência e segurança na melhora do funcionamento mitocondrial. “Esse é o nosso desafio”, diz.

Desconfie dos suplementos

Nas prateleiras das farmácias e nos anúncios na internet, não faltam produtos que prometem aumentar a energia, como os “boosters mitocondriais”. “Sempre que ouvir a palavra suplemento, desconfie. Significa que não há evidências científicas que comprovem que ele funciona. No máximo, há alguns experimentos”, alerta Ferreira. De acordo com o professor, a cafeína é um composto geralmente presente nesse tipo de suplemento. “Substâncias estimulantes em excesso deixam o corpo em estado de alerta por muito tempo, um stress que pode ser prejudicial para a saúde.”

O educador físico e pesquisador da Faculdade de Medicina da USP Bruno Gualano concorda com o professor Ferreira. “Não existe bala de prata para resolver um problema multifatorial como a fadiga”, afirma. Ele explica que só faz sentido tomar um suplemento se exames clínicos apontarem uma carência de vitaminas ou minerais, como ferro e vitamina D.

Antes de consumir um suplemento, é preciso consultar um especialista que irá verificar se há realmente uma deficiência e calcular a dose certa, recomenda a professora de Bioquímica do Instituto de Química da USP, Alicia Kowaltowski. Segundo ela, existem vitaminas que são solúveis em gordura e, por isso, não são expelidas com a urina. “Como elas não saem do corpo facilmente, podem ter um efeito tóxico para o organismo se consumidas em excesso.”

A professora Alicia engrossa o coro dos especialistas em metabolismo: não há como turbinar as mitocôndrias de um jeito fácil. Para ter mais disposição, é preciso se dedicar diariamente a um estilo de vida saudável, que inclui a prática de exercícios físicos moderados e uma alimentação balanceada. “Para que as mitocôndrias produzam energia para as células, basta comer”, simplifica.

Dieta da vitalidade

Mas escolher bem o que se come é fundamental. Alimentos gordurosos e ricos em açúcares diminuem a disposição, exemplifica a nutricionista Marciane Milanski, professora do curso de Nutrição na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O organismo precisa trabalhar a todo vapor para digerir, absorver, metabolizar e estocar o excesso de calorias ingeridas, o que pode comprometer temporariamente as funções cognitivas”, diz.

Segundo ela, a dieta da vitalidade deve priorizar alimentos “in natura” ou minimamente processados – ou seja, melhor comer aqueles que vêm direto da natureza, sem passar por processos industriais. “Também é importante ter uma alimentação bem variada, não fazer longos intervalos entre as refeições e ter uma rotina de horários para se alimentar”, recomenda Marciane.

Canela, cacau, pimenta e gengibre são exemplos de alimentos que atuam no sistema nervoso central e podem melhorar a disposição, segundo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). O nutrólogo, médico especialista na relação entre alimentos e saúde, pode investigar se há deficiências ou excesso de micronutrientes que estão levando à fadiga, por meio do relato do paciente ou de exames clínicos. “Carência de ferro, potássio e zinco podem estar por trás desse cansaço crônico”, diz.

Com o objetivo de adaptar sua dieta para perder três quilos e receber sugestões de fontes de proteína vegetal, a bióloga Diana Ribas Rodrigues Roque, 34 anos, procurou a nutricionista Marta Aprikian em outubro de 2020. Ao receber as recomendações de dieta personalizadas, Diana mudou a sua alimentação e, um mês depois, notou uma melhora na sua disposição. “Passei a comer com regularidade, a cada três horas, comer mais frutas e grãos e dar preferência a alimentos ricos em fibras.” Com mais ânimo, passou a correr 5 quilômetros, duas vezes por semana. “Antes da dieta eu não tinha essa energia”, diz.

Cafeína na medida certa

Clássica bebida para levantar o ânimo, o cafezinho é um estimulante que contém cafeína, assim como o chá verde. “Eles melhoram a concentração e a fadiga, mas não devem ser consumidos à noite, para não atrapalhar o sono”, afirma o nutrólogo Durval Ribas Filho.

A nutricionista Marciane Milanski, da Unicamp, explica que não há consenso da quantidade máxima indicada para o consumo de café, mas ela recomenda não ultrapassar a quantidade de duas xícaras por dia. “Há evidências científicas de que a ingestão excessiva possa causar cansaço, indisposição, diminuição na cognição, principalmente em condições de privação de sono”, diz.

Síndrome da fadiga crônica pode ser incapacitante

Quando uma pessoa sente fadiga crônica, mas não conseguem identificar e tratar a causa, apesar de realizar uma séria investigação médica com especialistas de diversas áreas, é possível que ela esteja com a Síndrome da Fadiga Crônica (SFC), também chamada de Encefalomielite Miálgica. Trata-se de uma condição clínica que tem como um dos principais sintomas a fadiga que não passa com o descanso, pelo período de pelo menos 6 meses. Pode vir acompanhada de outros sintomas como dores musculares, dificuldade de concentração, problemas de sono e inchaço nos gânglios.

A SFC pode piorar com o excesso de atividade física e mental e pode ser incapacitante. “O diagnóstico da Síndrome da Fadiga Crônica é difícil porque é por exclusão. Apresenta sintomas de diversas doenças e é preciso afastar todas as possibilidades”, diz o reumatologista Roberto Heymann, que atua no Hospital Albert Einstein e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A ciência ainda não conseguiu definir as causas da doença, apesar de indicar algumas possibilidades, e não há tratamento específico. Cabe ao médico buscar aliviar os sintomas do paciente.

A estudante Ivana Rosa de Andrade, de 32 anos, teve que largar o seu trabalho como fotógrafa por conta da Síndrome da Fadiga Crônica, diagnosticada em 2016. Além da exaustão, ela tem sudorese, disfunção gastrointestinal, falta de ar, calafrios, dificuldade de raciocínio, entre outros sintomas. “Tive que abandonar a fotografia porque o esforço físico piorava as dores”, justifica. Para administrar os sintomas, Ivana consome diversos medicamentos e tem o acompanhamento de especialistas como médico pneumologista, nutricionista, personal trainer e psicólogo.

Ivana afirma que a SFC é pouco conhecida, inclusive pelos profissionais da saúde. “Há pessoas riem da minha cara quando falo do meu problema, dizem que todo mundo fica cansado e que é coisa da minha cabeça”, diz. Para chegar ao seu diagnóstico, ela passou por muitos médicos e fez muitos exames. “Me sinto desamparada, pois no Brasil não há especialistas nessa síndrome”, afirma.

Estudante de psicologia, ela está se empenhando em estimular o estudo sobre o assunto. “Com muito esforço, estou fazendo essa faculdade, pois quero melhorar as perspectivas de quem tem essa síndrome”, diz.

COMO LIDAR COM A FADIGA

Você dormiu, descansou e mesmo assim está sem energia? Hora de tomar uma atitude:

  • Procure um clínico geral: Ele vai investigar o motivo da sua falta de disposição e solicitar alguns exames para descobrir possíveis causas.
  • Alimentação: Prefira alimentos naturais aos industrializados (ultraprocessados), que têm baixo valor nutricional. Não exagere em alimentos ricos em cafeína (café, chá preto, chocolate), gordurosos ou muito açucarados.
  • Suplementos: Só consuma suplementos nutricionais ou vitamínicos com acompanhamento médico.
  • Pratique exercícios físicos: Uma simples caminhada pode fazer a diferença para a saúde. Comece com uma atividade leve e vá intensificando aos poucos, de preferência com o apoio de um profissional.
  • Sono: Tente estabelecer uma rotina de sono, com horário para se deitar. O ideal é acordar naturalmente, sem despertador.
  • Lazer: Alivie as pressões com esportes e diversão. Faça algo que lhe dê prazer.
Estadão

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